domingo, 5 de abril de 2009

Uma visão dos povos Cariri


A tribo dos Coremas, que habitava o atual território do município de Coremas-PB, fazia parte da grande nação Cariri. Abaixo, algumas informações a respeito desta grande nação que povoou grande parte da Paraíba e do Rio Grande do Norte, no passado:

Cariri ou tapuia (estranho) ou língua travada - ramo dos tapuias. Ao serem expulsos do litoral, e ao se fixarem no interior, dividiram-se em tribos: Sucurus, Bultrins, Arius ou Ariás, Pegas, Panatís, Coremas e Icós. Eram atrasados e viviam da caça e pesca. Eram nômades. Não se preocupavam muito com a agricultura. Eram altos, mais altos que os potiguaras e os tabajaras. E tão velozes, que poderiam desafiar um cavalo.

Furavam também o lábio inferior, as bochechas e as orelhas. Colocavam nos furos pedras bonitas, osso ou madeira.

Dormiam também em redes, aliás redes enormes. Andavam nus. As mulheres eram muito bonitas e obedientes aos seus maridos.

Eram ferozes. Não tinham nenhuma noção de Deus [cristão].

Tinham os seus feiticeiros ou pagés. Esses invocavam o espírito de um tapuia e resolviam com o espírito os problemas da tribo.

Cada tribo tinha o seu rei. Janduí era o rei da Nação Cariri que ocupava parte da Paraíba e Rio Grande do Norte. Sabe-se também que existiam os reis Carapoto e Caracara (irmão de Janduí).

Os reis eram distinguidos dos demais pois tinha os seus cabelos cortados em forma de coroa e só eles podiam deixar crescer as unhas dos polegares.

Os seus costumes são considerados mais exóticos do que os dos potiguaras e tabajaras.

Praticavam a eutanásia. Se um tapuia estava mal e para ele não havia cura, matavam-no e o comiam. O morto não podia ser melhor guardado do que dentro deles, seus companheiros.

Se o rei morria, só os seus parentes e principais da tribo podiam comê-lo. Esse ato não é considerado a antropofagia que outros índios praticavam com os inimigos mas um ato de amor. Ao comerem seus mortos, eles choravam e se lamentavam.

Quando os rapazes estavam na idade de casar iam cantar ao redor do acampamento. As moças também cantavam e dançavam e nesse grupo faziam a sua escolha amorosa.

Também, como na nação tupi, os rapazes eram submetidos a provas duras. O rei os convocava para caçadas, exercícios pesados, além de os treinarem para serem valentes guerreiros.

As mães educavam as filhas e eram responsáveis pela castidade das mesmas.

Gostavam muito de caju e na época dessa fruta, desciam a serra Copaoba para colhê-la.

No domínio holandês, fizeram aliança com os flamengos, ficando assim, inimigos dos portugueses.

Há historiadores que designam os índios como perigosos e pusilânimes. Não sabemos em que se baseiam mas achamos estranho tal conceito. Os índios sempre foram dados às armas e às guerras. Tinham por natureza o espírito livre e se entristeciam quando se tornavam cativos. Tinham nascido na selva - a selva era o seu "habitat" natural.

Deram-nos lições de bravura, lealdade e respeito às suas tradições. Deram bons soldados, artistas e agricultores.

Temos, por exemplo, a tribo Tabajara que não só ajudou na nossa Conquista mas ajudou na construção da nossa capitania.

Não propensos ao trabalho de engenho, dedicaram-se muito ao cultivo dos campos. Tornaram-se extraordinários vaqueiros.

Extraído do Livro História da Paraíba na Sala de Aula, de Teresinha de Jesus Ramalho Pordeus, edição ilustrada. João Pessoa-PB, 1977. Governo de Ivan Bichara. Páginas 68 e 69.

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